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sábado, 27 de setembro de 2008

Da polêmica imigração

Eu nunca fui a favor da imigração ilegal. Nunca mesmo. Não concordo com quem vai, ilegalmente, tentar a vida em outro país. No entanto, para muitas pessoas (e cada um é cada um) isso significa melhorar de vida, aumentar a renda e poder ajudar os seus. Há casos e casos conhecidos a respeito disso e a Europa é fortemente visada pelos imigrantes de várias partes do mundo. A antiga femme de ménage daqui, por exemplo, era da República dos Camarões. Lá ela se formou em enfermagem (curso superior), mas veio trabalhar como faxineira em Paris. Acontece que o diploma que ela conquistou lá não é reconhecido aqui; são várias as exigências para que isso aconteça e, uma delas, é que ela deve ter pelo menos três anos de trabalho legal no país para poder dar entrada no pedido de reconhecimento. Ela saiu da Maison, inclusive, porque está prestes a conseguir isso e, logo, um estágio em enfermagem.

Mas eis que a nova femme de ménage daqui é portuguesa (há uma outra, brasileira)! Interessante que Portugal, apesar de fazer parte da União Européia e receber ajudar por conta disso, é um país que não consegue acompanhar o índice de desenvolvimento econômico. Resultado: muito desemprego por lá e os portugueses migram para outros países à procura de emprego e dinheiro. Inglaterra e França são os países mais visados. Há muitos portugueses na mesma situação por aqui. E o mais interessante: eles não gostam de ser reconhecidos como portugueses. Exemplo é a Maria, a faxineira: ela só fala com a gente em francês! Eu demorei algumas semanas para descobrir que ela é portuguesa.

Tudo isso para comentar um acordo que será assinado no próximo mês pela UE: a Europa irá, definitivamente, fechar as portas para imigrantes que venham procurar trabalho. Eles irão "selecionar" os imigrantes de acordo com as necessidades de mão-de-obra de cada país, por conta especialmente da falta de empregos. Nas entrelinhas isso quer dizer que eles irão "convidar" os inúmeros imigrantes sem emprego a voltar ao seu país de origem, mesmo que estejam legalizados por aqui. Quanto aos ilegais, esses já são procurados há um bom tempo. Detalhe: quem propôs esse acordo foi a França, que atualmente preside a União Européia.

Mas em um aspecto é preciso tirar o chapéu para a França: quase não há desigualdade social, como vemos no Brasil. O salário mínimo é respeitado, de mil e cem euros. Por outro lado, não é possível encontrar aqui (como vemos no Brasil) uma pessoa que ganha 10 mil enquanto outro ganha apenas mil. A diferença salarial entre as classes é pequena, o que significa que todos têm condições semelhantes de compra, moradia, estudo, cultura etc. Neste acordo que será assinado, por exemplo, os países se comprometem a dar condições dignas aos imigrantes: saúde, moradia, educação e facilidade para o aprendizado da língua. Dá pra entender porque a França é um dos países mais visados pelos imigrantes.

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