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domingo, 11 de maio de 2008

Em um filme de David Linch

Fomos hoje para uma vilazinha ao norte de Paris: Auvers sur-Oise, lugar onde Van Gogh morou. Tudo pareceu-me meio insólito e a sensação era de, constantemente, estar participando de um filme de David Linch.

Assim que descemos do trem que nos levou da Gare du Nord para Valmondois, estação onde deveríamos fazer uma baldeação, já parecia tudo muito esquisito: o tipo de estação (parecidas com aquelas que temos no interior de São Paulo, como resquícios da vida do final do século XIX e início do XX), tudo muito vazio, sem pessoas, uma região campestre. Ao descer, então, na estação de Auver sur-Oise (foto acima), parecia-nos tudo muito esquisito, duas ou três pessoas que desceram do trem além de nós, sem indicações; na cidade, muitas coisas fechadas. A despeito da atração turística, quase não havia pessoas nas ruas.

Nos dirigimos ao castelo. No meio do caminho, em frente à casa de Van Gogh, uma mesa com uma jarra de vinho, duas taças pela metade e ninguém sentado. No castelo, parecíamos baratas-tontas: não encontrávamos a entrada, não havia informações. Até que conseguimos finalmente entender a mecânica da coisa: tínhamos de pegar um fone de ouvido no qual ouviríamos uma narração e músicas que acompanhavam as apresentações de vídeo de dentro do castelo; a gravação também indicava onde deveríamos ir, por onde passar. Nada muito empolgante, nem o castelo era muito bonito.

Na volta, o mais inusitado. Queríamos um sorvete. Fomos até um bar que vendia sorvetes artesanais; como ninguém nos atendia, fomos a um outro bar. Como lá também ninguém nos atendia, voltamos ao primeiro. Um senhor veio e nos disse: "Désolé, mas não há ninguém para preparar o sorvete para vocês neste momento. Talvez daqui a meia-hora". Nos olhamos uns para os outros e tudo o que pudemos pensar naquele momento foi em voltar para casa. Na estação, literalmente desolados, não havia indicação alguma de horário de trem. E novamente a cena de filme de David Linch: do outro lado da estação há muita gente; fico de costas e, ao me virar novamente, todos sumiram! Fui até os trilhos e olhava o horizonte: nem sinal de trem. Depois de uma hora esperando na estação, surge no visor a indicação de quem o trem passaria dali a um hora.

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